15/06/2005

Sicó

Terra que te quero serra.
Longa, alta: como a vida.
Áspera, sedenta: como o sentido da vida.
Terra que te quero serra.


Os homens são feitos de pedra.
As mulheres de água.
O futuro é feito de ar.
O passado, de areia.

Caminhos andam, línguas brancas.
Animais respiram frutos.
A distância é um dos matizes do desejo.
O desejo é próximo.

Oriente, ocidente: aqui se encontram.
Sul, norte: de aqui partem.
Olhar é abrir janelas na casa do ar.
O silêncio é um lobo antigo.

Terra que te quero serra.
Longa, alta: como a vida.
Áspera, sedenta: como o sentido da vida.
Terra que te quero serra.

De ti direi: és minha.
Minha terra, serra minha.
Vida minha. Nossa casa.
Nosso mapa de regressos.

A flor que se eleva de perfume.
As águas abruptas da memória.
O claro mistério das coisas.
A interminável memória.

Abelha, azeite, noz.
Ovelha, leite, voz.
Solidão pontuada de cabras.
Cartografia de descido céu.

Terra que te quero serra.
Longa, alta: como a vida.
Áspera, sedenta: como o sentido da vida.
Terra que te quero serra.

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Canzoada Assaltante