30/11/2010

23/11/2010

IDEÁRIO DE COIMBRA - podografias de retorno – 123 - mais um trecho do dia 22 de Novembro de 2010




Recordo uma incerta manhã purificada pela trovoada chuvosa da noite que a gerou.
Imagino ter saído às ruas a conferir nos varandins as mortes-vivas: digo: pássaros em gaiolas & flores em jarras & cabeças de mulheres explodindo de cinza como surdas granadas-cãs.
Ainda, como então já, regresso alquebrado e acabrunhado de cansaço a isto a que chamo Casa mas é Quarto.
Minguante, naturalmente.

22/11/2010

IDEÁRIO DE COIMBRA - podografias de retorno – 123 - dois textos de hoje, 22 de Novembro de 2010

À varanda fumando só, ontem à noite, redescobri a Lua em circo alto nimbando nuvens de frio veludo azul.
Nas minhas costas, o Quarto vivia também só, desprovido até do nada que sou, coitado. (Coitado, o Quarto.)
Fez-me bem, mais do que sentir, confirmar a indiferença dos astros e dos panos celestes por quanto e quantos somos e por que e quem temos ou não, cá tão em baixo.
Atirei balcão fora a ponta ainda rubi e tornei-me a ser, na cama, um vivente insulso e convulso.
Perto, uma rosa seca pergaminhava-se a si mesma.
Tossi um pouco, apertei-me na placenta espúria das mantas, esperei na gare do corpo o comboio do sono.
E em lenta câmara (ardente) ele chegou e levou-me, sendo porém
proibido fumar e interdito ser.


*

Pela alma da minha Mãe
vos juro que não sei quem
é a mãe da minha alma.
O que é preciso é ter calma,
que mais perdemos a quem amamos
quão mais damos quanto não temos.

21/11/2010

IDEÁRIO DE COIMBRA - podografias de retorno – 112 - fragmento 4



De um ponto de vista estrita e estreitamente pessoal, o exercício da tristeza por veias & artérias da coronária Coimbra tem que se lhe diga. Falo da possibilidade de, depois de breve estada no Café Abadia, subir a dos Combatentes até onde o Botânico arde verdes verticalíssimos. Faço isto com a imaginação (dói-me o joelho esquerdo) e sorrio sem dor à bruma pederasta da Sereia, ao pico de Celas, ao artesanal olvido do Espírito Santo. Lonjuras clamam: Lordemão, Rocha Nova, Eiras, S. Paulo de Frades. Da outra Banda, S. Martinho do Bispo, Casais do Campo, Espadaneira, Ribeira de Frades. Nada disto dói ou alegra – antes circunscreve um conimbricense pobre que usa os atacadores de tinta permanente nas botas de caminhante calígrafo. A podografia é a salvação que posso. Isto um dia pode ser que fique: digo: isto de ter ido, vivido, escrevivido. Este par de jovens enamorados, por exemplo.
Quatro bonitas mãos longas, de unhas bem cuidadas. O rapaz, barba desenhada a traço de carvão castanho, cabeça de historiador oitocentista, bons dentes naturais reverberando faíscas de saúde oral. A rapariga, alta e harmónica como um piano vertical, mocassins de padrão sarapintado à cantora dos anos 60/XX, bonitas orelhas de arte cerâmica. O rapaz, sobretudo preto-cinza de botões grandes (prenda de há dois natais, querida mãe), boas botas paramilitares quase engraxadas, cachecol de malha traçando o pescoço forte. Ela, lenço de seda magenta cortinando nuca e decote de alabastro, esse feminil astro dos substantivos real-naturalistas de XIX. Ele, camisola amarelo-velho com Jens Leckman escrito sob o mamilo esquerdo. A rapariga, de mamilos sem outra ortografia que a natural pontuação dos botões-de-rosa. Gosto do par, mas já a atenção se me volve preia do revérbero eléctrico da Lua, cuja epifania matinal deixará nunca de perturbar o meu coração lingrinhas.

20/11/2010

IDEÁRIO DE COIMBRA - podografias de retorno – 112 - fragmento 3

O colossal diamante da luz matinal liquefaz a pátina em musgo das pedras. Anda-se subindo veredas, sopram-nos as árvores seu (anoni)mato milenar, crianças revoam as infâncias fulminantes, o merceeiro folheia o jornal entre ananases, o professor pensa no curso que não tirou, é tarde agora, qual diamante qual quê.

Rosário Breve nº 181 - www.oribatejo.pt

O Ribatejo x 25 anos

O Ribatejo é um semanário com sede física em Santarém e sede metafísica em muito lado. Fez 25 anos, está em festa, por mais que os tempos sejam de crise. Mereces a festa, pá – como dizia o outro. O Ribatejo nasce do trabalho de pessoas. Não há melhor maneira de homenagear o jornal e os seus leitores do que firmar e afirmar o nome de quem é pá e merece a festa. Vamos a isso: Joaquim Duarte, João Baptista, João Nuno Pepino, Bruno Oliveira, Vânia Clemente, Jerónimo Belo Jorge, Joana Margarida Carvalho, Armando Fernandes, Beja Santos, Carlos Chaparro, Eurico Heitor Consciência, José Niza, Luís Eugénio Ferreira, António Maia, António Branquinho Pequeno, André Lopes, Carlos Alberto Cruz, Albertino Antunes, Rosalina Melro, Vítor Arsénio, António Vieira, David Antunes, Rita Duarte, Luís Silva, Ana Marecos, Ana Sousa… e tantos, tantos nomes que fazem acontecer este jornal.
Um jornal (qualquer jornal) vale apenas quem o escreve e quem o lê. Estes nomes não iludem, antes aludem, à realidade. Um aniversário: um número, um lençol freático que se faz água à flor da terra, qualquer coisa assim.
E um quarto de século, sendo frescura em extensão cronométrica de vida humana, é também estigma de maturidade numa publicação periódica que, regional embora, vale bem mais do que quanto pasquim dito nacional por aí anda e tresanda.
Parabéns, O Ribatejo! Parabéns, Ribatejo! Parabéns, leitor(a) dO Ribatejo! Mais 25!

13/11/2010

Rosário Breve n.º 180 in O RIBATEJO - 12 de Novembro de 2010 - www.oribatejo.pt

Eunuco tinha pensado nisto


Antero de Quental classificou-nos uma vez como “país de eunucos”.
O apodo é duro, mas talvez (muito) verdadeiro. E não há viagra que nos salve. A não ser que.
A não ser que, na impossibilidade de outro 25 de Abril (por isso mesmo que já não temos/somos Povo para tanto), reimplantássemos a República. Outro 5 de Outubro, mas agora a sério e a cores. Começava-se pelo Ribatejo, até para podermos ir aos toiros, às enguias e aos melões nos intervalos da golpada.
Olhai o filme operacional: o comité de cabecilhas reunia-se na Casa dos Patudos, amandava-lhe com umas botelhas de Alpiarça em simbólico preito a José Relvas e arrancava dali às duas da manhã, mesmo que aos tropeções nas zundapes. Telemovilizava-se logo para tudo quanto fosse barricada arriba do Tejo. Tipo assim: Feira-dos-Santos-Cartaxo-escuto; atenção-atenção-Torres-Novas-a-GNR-alinha-ou-não?-escuto; Magos-Magos-Salvaterra-ou-não-salva?-escuto; ’tou-’tou-Constância-Mação-a-coisa-vai-ou-não?; p’la República-Nova-de-Portugal-ora-viva-o-Sardoal; alô-alô-Barquinha-como-vamos-isto-Tomar? Abr’antes-que-depois-faz-se-tarde; Ourém-Ourém-a-coisa-já-Chamusca? Barquinh’Alcanena-acim’abaixo-daí-ó-Cartaxo.
Etc.
De manhãzinha, os eunucos, ou melhor, os muito-machos deixavam as motorizadas e as mulheres ao pé da rulote de bifanas que fica à saída da Golegã, ali mêmó-lado das bombas de gasolina, e alava para Lisboa em peitosa e estrepitosa campanh’alegre (salvo seja). Eu também lá ia, armado em Fernão Lopes.
Terreiro do Paço, Arsenal, Monsanto, Centro Comercial Colombo, Xabregas, Pontinha, Frágil, Lux, Kapital e Curraleira: tudo nosso, minha gente, que a malta é de Benavente.
E depois estoirávamos só umas rolhas de castiço imitador de espumoso e deixávamo-los mas era em paz lá c’a república deles e voltávamos na ordem possível para casa, que isto de se ser eunuco e ter mulher na mesma só pode dar ou melão ou enguia ou toiro.
Escuto.

09/11/2010

IDEÁRIO DE COIMBRA - podografias de retorno – 112 - fragmento 2

DUAS CANÇÕES


 1. POR ÍNDIAS E LISBOAS


(para o M. F.)

Sinto as luzes /águas boas
que reflectem o nascer.
Corri índias e lisboas
não fiquei nada a dever.
Vi o triste sem-abrigo.
Vi quem fica sem partir.
Se o senhor é meu amigo
comigo queira repartir.
A esp’rança é uma gaja
sorri pouco / é maluca.
Muito bem tem quem o bem-haja
dá em data não caduca.
P’la vida da minha Mãe
& pela Pátria total
vos dirijo / eu também
saudades do Portugal/
país que inventou o Mar
e as Ilhas e o falar
do destino ribeirinho.
Eu aqui ando sozinho.
Sais-de-fruta, peixe & vinho.
Sinto a luz / água do olhar.

*
2. CANÇÃO DA BRANDA FILHA

(para a S.C.)
Sou da ilha a filha branda,
branca da estrela não propícia.
Sou um caso de polícia
– e da ilha a filha branda.

Dou-me de cor ao veludo
que as noites põem no sonhar.
Quis quase nada, tive tudo:
mas nisso nem é bom falar.

REFRÃO

Do meu olhar, vê os cristais
que pensam luzes siderais.
Do meu olhar, vê diamantes
nados p’ra ser o que eram dantes.

Sou do mar terna vizinha.
Às terças vou, febre terçã.
À tua vida, torná-la minha,
e sal da noite e da manhã.

E se me quiseres, aqui estou.
Vou de onde vim por onde vou.
Sou toda quanto te vai faltar,
Falo-te agora do meu olhar:

REFRÃO

Do meu olhar, vê os cristais
que pensam luzes siderais.
Do meu olhar, vê diamantes
nados p’ra ser o que eram dantes.

08/11/2010

IDEÁRIO DE COIMBRA - podografias de retorno – 112 - fragmento 1

112. APENAS-DIA-MAIS-UM-DIA



Coimbra, sexta-feira, 5 de Novembro de 2010


(...)

Noite não muito bem dormida. Acordei cedíssimo, presa de uma vaga angústia. Tentei reconciliar-me com o sono por via de imaginar o velho tema do homem dormindo ao ar livre de uma floresta través da que um rio. Mas não foi fácil. Clarões da outra vida (esta do apenas-dia-mais-um-dia) rompiam em chamas pela consciência a um terço de gás. Depois, porém, o Sol nasceu – e eu renasci também, algo pisado pelo desamparo, mas, enfim, vivo e ambulante.

*


Conheço longamente os rostos ímpares
que financiam a sombra dos corredores,
os horários das pensões, as cartas perdidas,
as flores esmagadas pela passagem do cometa.


Trabalho a minha passagem mesma,
o Dia promete-se à-luz-azul,
de Noite o manto do mágico crivado de estrelas,
o Ranho ao Nariz de perpétuo comovido


ante a desarmante, amante e amada Beleza
da Vida, relicário de lamparinas,
chispas nos olhos dos velhos
iguais às dos olhos das meninas.


Reescrevo cada dia o Pão dele, do Dia,
sabes, por vezes custa viver ao mesmo tempo
que o Corpo, rapariga de vestido sem mangas
ondulando como revoada de trigo as ancas,


tomadora de chá de tília, utente de fino
longo cigarro branco, empregadita do comércio,
TV Guia & Maria, coitada, tão bonita e tão
mal-empregada. Cada dia o Pão etc.


– e os Rostos.

05/11/2010

Rosário Breve n.º 179 in O RIBATEJO - 5 de Novembro de 2010 - www.oribatejo.pt


Em carteira





Esta que vos conto, senhoras e senhores, é verdadeira a ponto de, dela, vos jurar a veracidade pelas vidas das minhas filhas.
Coimbra, sexta-feira, 29 de Outubro de 2010. Oito e cinquenta e três da manhã. Compro o bilhete para o expresso que me vai levar a Santarém. Saio da Rodoviária. Atravesso a Avenida. Tomo café no Silvano. A bexiga telefona-me, pago a bica, subo as escadas que levam ao urinol. Um senhor de casaco castanho lava as mãos. O cubículo é exíguo, espero cá fora que ele termine. Ele termina. Sai. Eu entro. Antes de me desfazer da função, descubro-a. No rebordo da janela, uma carteira. Abro-a. Documentos e muito dinheiro dentro dela. Muito dinheiro, quero dizer, cinquenta e tal euros. Dez contos e tal, portanto. O Diabo, célere e atentíssimo, sopra-me ao ouvido direito: Fica com a nota, pá, deixa o resto aí, encontrar não é roubar.
Faço assim: tiro os óculos do bolso, ponho os óculos, consulto um dos documentos para saber o nome do senhor que lavou as mãos. Manuel qualquer coisa. Desço as escadas. Procuro o casaco castanho. Encontro-o à porta da Segurança Social. Digo-lhe assim: O senhor desculpe, eu sei que é uma pergunta esquisita, mas como é que o senhor se chama? Ele responde-me o nome certinho: Manuel qualquer coisa.
Devolvo-lhe a carteira. Deveríeis, senhoras e senhores, ter visto a cara do homem. Agradeceu-me profusamente. Julgo ter descortinado certo cristal líquido em suas retinas, não vo-lo juro.
Vim para Santarém, o que é sempre boa ideia. E a caminho da terra onde todas as sextas-feiras vos entro pelos olhos, então, o meu Pai, apesar de falecido há 16 anos, usou de mim o ouvido contrário ao do Diabo para me dizer isto e assim:
– Fizeste bem, filho. Não sejas como o Governo.

04/11/2010

O semanário REGIÃO DE LEIRIA deve-me 100 euros e censurou-me a crónica que era para sair amanhã


O semanário REGIÃO DE LEIRIA, alegadamente dirigido por uma "jornalista" chamada Patrícia Duarte (que, antes de ter sido chamada para ali, esteve no marketing...) comunicou-me ontem, por télémóbl, que a minha segunda crónica da série Corvos e Pombas não podia ser publicada. Porquê? "Por não estar fundamentada em factos". Eh eh eh eh. Ainda tive a pachorrazita de explicar, até com carinho, à rapariga Duarte que as notícias é que devem ser estruturadas em factos, não as crónicas. Que as notícias se baseiam nos pontos cardiais do Quem, do Quê, do Onde, do Quando e, se possível, do Como e do Porquê. Nada. Permaneceu impermeável, escorada na "deontologia". Coitada da rapariga. Dirige um pasquim de "conteúdos", de modo que quais notícias, né? A história é um bocado para o triste, até porque confirma o grau de idiotia que parece ter-se volvido obrigatório para se ser chefe, para se triunfar, para ir ali ao marketing e voltar depressinha e ser director(a) de uma coisa qualquer. Enfim, a crónica aqui vai. Nota final: todas as semanas, às pontuais sextas-feiras, aqui publicarei uma crónica para o Região de Leiria e para a Patrícia Duarte. Mesmo que eles paguem os cem euros que me devem. TODAS as semanas. De facto. Eh eh eh eh.

Che Guevara na Barosa (ou nos Parceiros)


Aqui há uns anos já largos, habitei, sozinho como um cão de ossos celibatários, uma casa nas cercanias de Leiria. Não me lembro já se esse meu covil ficava nos Parceiros, se na Barosa. Mas recordo com nitidez três coisas.
Uma – a casa era tão pequena e tão estreita, que os ratos tinham de subir ao poster do Che Guevara para eu poder entrar ou sair.
Duas – o pessegueiro do pátio era tão ferrugento e tão melancólico, que a visão dele se me embolava em lágrimas na gorja, esvaziando-me a vontade de viver em corpo e alma ao mesmo tempo.
E três – a senhoria era tão chanfrada da corneta, mas tão, que uma vez até acreditou em mim quando lhe menti que a senhora Odete João e os senhores José Manuel (Carraça da) Silva, José Miguel Medeiros e Carlos André eram mesmo professores. Acreditou, acreditou – juro-vo-lo pelos vossos mais fiéis defuntos.
Sozinho, não deixei porém de ter um razoável espólio de namoradas. Só que eram todas de vidro e tinham todas rolha na boca, pelo que só (me) falavam ou pelo rótulo ou pelo gargalo ou quando se estilhaçavam no chão, tombadas pela hora aziaga da solidão.
Os anos passaram. Passaram os anos e passei eu a outras (p)aragens, o que me não impede hoje, antes favorece, o luxo da nostalgia, esse sentimento que é a marca-de-água, a chancela, o timbre e a insígnia de todo o ser humano. Tão humano, que até a senhora Odete João e os senhores José Manuel (Carraça da) Silva, José Miguel Medeiros e Carlos André o devem ter do tempo em que, de facto professores, ainda nos não azucrinavam a pachorra com tanta vontade de nos servir – ou de se servirem de nós, pendurados no poster do Che Guevara, claro.

03/11/2010

Quatro linhas de hoje

Isto com poemas não vai lá, sabes.
É preciso arroz-de-frango-com-ervilhas.
Nos poemas, vá, ainda cabes.
Mas então e as filhas?

01/11/2010

Ideário de Coimbra - 107 - (dois fragmentos)

Coimbra, domingo, 31 de Outubro de 2010

Repara, não é já a minha vontade que escrevo, mas o afinal acaso (ou o final ocaso) da minha condição. Pinguim isolado na placa de gelo que se isolou, ela também, da calota – e agora flutua em liberdade triste. Fora deste sítio onde levo o serão, uns poucos carros farolinando a Noite: rubis-pirilampos anónimos e idênticos todos. Haverá, talvez, casas onde famílias. P(r)oesia, enfim. Hiberno intimamente, enfim.

*
Senhores e senhoras não
meus nem minhas,
estamos vivos. É
melancólico, mas assim
é. O vento fustiga os amieiros,
as macieiras, as pontes, o sono
das aves, encrespa as águas do
Rio para que
hei nascido,
talvez.
O derradeiro comboio do dia
leva meia dúzia dos senhores e
das senhoras, se
tanto.
Doentes esperam amanhãs mais
ainda ósseos, hematológicos.
O meu Pardal foi morto por um
gato faz amanhã vinte e nove
anos. Sinto-o
sempre, pousa na minha cabeça
’inda, confia em
mim, talvez me
ame.

Canzoada Assaltante