17/06/2005

São Dólar

Parece coisa má. O quê? Viver aqui. Tanto faz que o “aqui” se refira à Marinha Grande como a Alcabideche ou ao Bangladesh. Como é sabido, “quanto mais o dólar sobe, mais o Bangladesh”. Mas que tem o rabo do dólar a ver com as calças da crónica?
Vou tentar explicar. Vivemos tempos em que a própria moralidade se tornou, indisfarçada e descaradamente, materialista. Exemplo recente é o do recado dos bispos católicos ao Governo da Nação. Qualquer coisa como isto: nós detemos a verdade divina, vocês detêm os meios de nos isentarem dos impostos que todo o resto do pessoal tem de aguentar com.
Extraordinária coisa. Toda a gente sabe que pelas traseiras do altar de Fátima se escoa a maior debandada de divisas do País. Mas quem detém a moral, detém o mundo e as bolsas de valores. Com um punhado de dólares na mão e um ar beatífico-dentífrico na face que ninguém há-de esbofetear.
Mais extraordinário ainda é que este estatuto especial da Igreja seja “justificado” em nome de um Cristo mais isento de culpa que de IRS. A moralidade desta história é a imoralidade da História.
E porque um mole nunca vem só, outro católico muito especial, António Guterres, auto-beatificou-se na ara do congresso do PS. À sua direita, porém, não está o Filho. Está um homem significativamente chamado Coelho.

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Canzoada Assaltante