27/06/2005

Pedro Lavoura

O sentimento de revolta impotente que a morte sempre desperta, é especialmente intensificado aquando do passamento de alguém jovem.
Estamos habituados a pensar que a juventude é o futuro aqui e agora. Mas a morte gosta de, de vez em quando, vir recordar-nos, sensata e ditatorialmente, que todo o ser vivo já carrega em si o sinal último do fim desde que a luz do sol lhe aproveita o corpo para a indústria da sombra.
Pedro Lavoura e dois outros (muito) jovens ingressaram, na manhã de domingo, dia 13, nas hostes do passado. Diz-se hoje que eles já não eram meras esperanças, mas certezas. De quê? De futuro, precisamente. Todavia, a morte, que é invejosa, aproveita sempre as ajudas que lhe dão. Pode ser areia na estrada, pode ser velocidade a mais, pode ser qualquer coisa.
Que nos resta desta história? Em privado recato, as famílias e os íntimos vivem as más horas da perda. Os outros, fazendo-se à estrada, continuam a dispor da possibilidade de conservar viva a glória de respirar nas mais maduras manhãs do Verão. E de não ajudar a morte.


O Aveiro, 17 de Julho de 2000

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Canzoada Assaltante