17/06/2005

Semana

A semana, como medida de tempo, é uma invenção relativamente recente.
Os Antigos viviam por luas, metro antepassado, mais ou menos, dos nossos meses.
A minha semana, esta que passou, foi o que tinha de ser: igualzinha na rotina, ligeiramente diferente no visto, lido e ouvido.
Uma senhora de sotaque brasileiro perguntou-me se eu poderia indicar-lhe um emprego. E eu, que nunca fui patrão de nada, disse-lhe que não sabia.
Um homem de tradição portuguesa assassinou a mulher a tiro. Em seguida, suicidou-se. O caso veio na televisão, ouviu-se nas rádios e folheou-se nos jornais. Os funerais foram domingo.
Outro senhor, revoltado com um caso de (in)justiça, acorrentou-se à porta do tribunal. Deu entrevistas, negociou e desacorrentou-se. Voltou para casa.
De modo que são assim as semanas: umas atrás das outras como carretas de supermercado. Vão variando os crimes, as impaciências, os desesperos.
Nas penitenciárias, os guardas vão rodando nos turnos. Os portões fazem o mesmo nos gonzos. Nos consultórios, os psiquiatras esperam as ovelhas tristes da modernidade. Não há novidades de monta, quero eu dizer. Tudo mais ou menos na mesma.
E é por isso que a melhor coisa que a semana traz ainda é o fim-de-semana. Dizem.

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Canzoada Assaltante