27/06/2005

Olé

Não é pacífica, nem provavelmente alguma vez o será, a questão das touradas. Com ou sem morte em cena do touro. Com picadores de um lado e defensores dos animais do outro. Os amantes da lide tauromáquica defendem-se com a tradição. E com o argumento da bravura do Homem. Os críticos sublinham a miopia do Touro. E com o direito do mesmo a não dar sangue e vida em troca do prazer humano.
Não é provável que alguma vez estas facções desavindas venham a entender-se. Ou, recorrendo a palavreado da gíria artística, a deixarem de trocar bandarilhas. A pega parece apresentar, por conseguinte, todo o ar de ser perpétua. Sem remédio. Sem consenso. Sem fim.
O remédio, penso eu, seria dar a palavra ao Touro. Ou então, no caso de ele não dizer nada, ajudá-lo a montar o cavalo e, dessa posição, perseguir com agudos ferros o espavorido ex-cavaleiro. O espectáculo estaria garantido. E nem seria preciso pagar ao bravo.

O Aveiro, 3 de Agosto de 2000

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Canzoada Assaltante