28/06/2005

Urbanismo

Desmantelaram as fábricas, empacotaram-nas e levaram-nas para longe.
Agora, os terrenos vão ser, como se diz agora, urbanizados.
Eles querem dizer (mas não o dizem, limitam-se a fazê-lo) -dormitórios.
O que aí vamos ter é tão fácil e tão deprimente: gaiolas de periquitos empregados nos hospitais, nos bancos, nas seguradoras e no que resta de comércio na cidade.
A minha cidade.
A minha cidade adormecida nos dormitórios, a minha deprimida cidade universitária e tesa, plebeia e beata, bonita e triste como uma noiva contrariada.
Posso bem com a minha cidade - voltarei a partir.
É um domingo. Hoje, dormirei, também eu, por cá. Tropeço já na sonolência, aliás, pelo cair do dia.
Cairei eu na noite dormitória.


Coimbra, 13 de Março de 2005

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Canzoada Assaltante