Primeiro hás-de pegar num par de torrões castanhos,
que elevarás até onde pensares os olhos.
Farás então descer chuva sobre os olhos,
que hão-de (estou certo) germinar em cabelo.
Completo este outono, corta uma cana,
dessas que crescem junto a um dos rios da infância.
Dela farás o nariz.
Para que a cana tenha de onde beber, não esqueças
as fontes superiores do olhar.
Em caso de sono, talha uma boca geradora de água.
Segura a boca num queixo de pedra,
sobre a coluna do pescoço.
Dois seios nascerão facilmente da imitação da laranja cortada.
Uma baía de pele desenharás, não esquecendo o nó
que mostra o anterior nascimento.
Pernas e pés criarás, siameses.
Assim, incompleta, terás a senhora
que em sonhos te surge,
às vezes.
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