Num país onde tanto chove, terei eventualmente razões para (me) perguntar se neste “morredouro de pobres”, como na expressão do colombiano García Márquez, alguma coisa acontece de relevante para além da chuva. Talvez haja eleições presidenciais não tarda nada. Talvez as autarquias mudem de onomástica lá para o fim do ano. Talvez o Governo ceda de vez à tentação de se estatelar no exacto centro do chão.
Talvez tudo, neste (tal) país. Sei que as pessoas estão desinformadas. Mais grave ainda, sei que as pessoas não manifestam vontade de se informar. Que, daí, adiram sem vergonha ao lixo televisivo que, sem rebuço nem introspecção, lhes mostra a banalidade que são. Faz-me pouco bem pensar nisto. Mas penso.
No primeiro de Janeiro deste ano, assisti, como sempre que posso, ao concerto de Ano Novo da Filarmónica de Viena de Áustria. Strauss é para sempre. O bom gosto é para sempre. O problema é que o bom gosto (assim como o compositor vienense) dura o que as modas durarem. A própria Natureza demonstra diariamente, através da lei da atracção gravítica, que é muito mais fácil descer do que subir. A avaliar pelo nosso País, isso é evidente.
A avaliar pela chuva, então não haverá dúvidas para ninguém.
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