17/06/2005

Pelo Contrário

Há realidades que só são entendidas pelo negativo. Ou seja: quando o seu sentido profundo apenas sobe à tona quando puxado por uma palavra ou uma frase que, na aparência, nem era isso o que queriam fazer.
O Natal é uma dessas realidades. Desde tenrinhos que ouvimos a propaganda dizer que a quadra natalícia é de fraternidade, concórdia, paz, amor, etc..
Pela negativa, o Natal significa que, no resto do ano (todo o ano), o tempo não é (porque se calhar nem pode ser) de fraternidade, concórdia, etc..
Naturalmente, a hipocrisia é uma chatice. A mim, porém, já me não causa grande pesar. Habituado que estou a pôr a cabeça nas muitas bandejas de prata do mundo, já nem a mesma me dói por causa das lantejoulas ético-morais do Natal.
Gosto do pinheirinho, gosto dos infalíveis pares de meias e after-shaves que recebo, gosto de dar os livros que dou.
Também gosto da fraternidade, da concórdia, etc.. Mas disso não há nas lojas.

2 comentários:

Alexandra disse...

Eu gosto do Natal. Parece que há tréguas para a condição humana.

Daniel Abrunheiro disse...

Não há nada, aurora, mas fica aqui o seu voto de boas-festas.

Canzoada Assaltante