17/06/2005

Calvino

O escritor italiano Italo Calvino não chegou a viver 62 anos. Teve tempo, ainda assim, para escrever livros que demonstram à sociedade e à saciedade o quão formoso pode ser o cérebro humano quando se aplica a criar formas que dotam a inteligência de beleza.
Falo de cor, sabendo na sombra que esta palavra “cor” vem dar “coração”. Livros como “Palomar”, “Marcovaldo”, “As Cidades Invisíveis”, “Seis Lições para o Próximo Milénio” e “Se Numa Noite de Inverno um Viajante”, entre alguns outros, provam que a prática e a ideia humanas não têm forçosamente de estar presas na ratoeira da imbecilidade, da avidez e da estultícia.
Porque tive a sorte de descobrir Italo Calvino numa fase da vida em que começava a perceber a necessidade de não ignorar tudo, recomendo-o aqui e agora. É, eu sei, um modo de agradecer ao formoso escritor italiano as longas e cuidadas horas que, pela mão dele, passo a encontrar-me comigo próprio: com o meu destino, o meu mapa, a minha paciência e a minha sombra.
Muito gostaria que um (um pelo menos) leitor viesse a encontrar-se consigo mesmo através de um remoto italiano que não aparece na televisão à hora dos fritos e dos tabefes nos filhos. Mania minha. Mas ele há coisas assim.

1 comentário:

Anónimo disse...

"Quando construíres um muro, pensa em quem fica do lado de fora." (Para quem tanto aprende com Italo Calvino)
S.

Canzoada Assaltante