16/06/2005

Vergonha

Sejamos claros: temos ambições de primeiro mundo e um sistema judicial de terceiro.
Como admitir, no íntimo, em privado e em público, que o caso das duas crianças sugadas no Aquaparque, em Julho de 1993, tenha sido considerado, na forma de processo-crime movido à administração, “prescrito”? Como “prescreve” um par de mortes infantis? Em nome de quem?
Cada vez mais, em Portugal, a morosidade e a indiferença dos tribunais, nichos sacrossantos de um poder que parece ter descido de Deus em vez de ter subido dos homens, ofendem a vítima. Aquele que sofre, sofre duas vezes: quando é ofendido por roubo, estupro ou outra forma de indignidade; e quando se queixa à barra.
A democracia é o menos mau dos sistemas, já lá dizia o outro. Mas quem vê um Pinochet impune, um padre Frederico a gozar o prato no Brasil e um qualquer assassino a sair ao fim de dois ou três anos com um curso de carpintaria qualquer, tem de pensar.
Baixinho, como convém.

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Canzoada Assaltante