23/06/2005

Três ais bem contados

Ai a tarde vasta pela noite dentro
Rio de sol mar lunar adentro
As casas mortas de sono
Fartas de ouro as pobres
Os caracóis escondidos no húmus dos jardins secos
Os pássaros fritos em pleno voo

Ai Junho rico de espigados dias
Mês de suados ventres
Iças um mar de vapor aos olhos
Pintas a boca de sólido mel
E deslumbras as mãos de cansaço antecipado

Eu gosto de ti e mais és só um mês
Que faria se fosses uma pessoa
Uma que eu visse uma vez por ano
Uma de que me perdesse outros onze
Ai não és

1 comentário:

Alexandra disse...

Ai que bem escrito, caneco...

Canzoada Assaltante