16/06/2005

Duas Canções para a Mariana

Tinta do Mar


Ó delicada aurora
Feita de tinta do mar
Basta-me bem esta hora
Dela não quero passar

Ó preciosa ramagem
Que o orvalho bem beijou
Bem me basta esta imagem
A luz a imaginou

Com a boca vou ao canto
Quanto eu for, cantarei
Sei só que te quero tanto
Que a mim nunca quererei

Uma alma tem por sina
Ser uma sombra de sal
“Inda a noite é uma menina”
Já amanhece, não tem mal


Sonetango

Um credo ouvido, uma testa.
Um sol subido à noite.
O medo abre uma fresta
Nesta muralha de leite.

Um sonho inconfessado.
Uma factura por pagar.
Uma amante não amado
E um desamor por amar.

Só me resta um soneto
É só nisto que me meto
P’lo jeito de me meter.

Só me resta esse credo
E se acredito, não arredo.
Não arredo, podes crer.

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Canzoada Assaltante