Tinta do Mar
Ó delicada aurora
Feita de tinta do mar
Basta-me bem esta hora
Dela não quero passar
Ó preciosa ramagem
Que o orvalho bem beijou
Bem me basta esta imagem
A luz a imaginou
Com a boca vou ao canto
Quanto eu for, cantarei
Sei só que te quero tanto
Que a mim nunca quererei
Uma alma tem por sina
Ser uma sombra de sal
“Inda a noite é uma menina”
Já amanhece, não tem mal
Sonetango
Um credo ouvido, uma testa.
Um sol subido à noite.
O medo abre uma fresta
Nesta muralha de leite.
Um sonho inconfessado.
Uma factura por pagar.
Uma amante não amado
E um desamor por amar.
Só me resta um soneto
É só nisto que me meto
P’lo jeito de me meter.
Só me resta esse credo
E se acredito, não arredo.
Não arredo, podes crer.
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