26/01/2021

VinteVinte - 215 (IV)


Deus não há, nunca houve, haverá jamais – mas Bach sim.



IV


Bach Organista incensa de som puro este Quarto-Casa.
Deus não há, nunca houve, haverá jamais – mas Bach sim.
Há poder nesta organização sonora, neste temp(l)o audível.
Medo nenhum, força delicada toda, assim é o que há.

Tenho passado a tarde aqui em Balbec com Marcel.
Já antes Rodrigo encordoou Aranjuez.
Caldo novo (porco, feijão, batata, cenoura, cebola, azeite) ferve.
Roupa-de-casa, lavada, muito enxuta, forra a corporação.

Não nos trará malfazeja sina sonhar alguma lotaria.
Melhor há-de ser certa propensão à indiferença.
E melhor a inert’inerme indiferença do que o áspero desprezo.
O crematório d’ali-Taveiro a tudo aplaina & a todos igual(h)a.

Há sim sossego em esta remediada amargura.
É de condição certa inalienável tristura ambulatória.
Mas a palavra-justa impera em espera, esperança não.
João-Sebastião, mestre-da-fuga, não foge animal, perdão, afinal.


Sem comentários:

Canzoada Assaltante