07/01/2021

VinteVinte - 181 (VI & VII)





VI

Veios dinâmicos são freáticos no entendimento 
Pensamento & mundo opõem-se & esgrimem-se 
O corpo do indivíduo sabe-se de antemão batido 
Não há derrota nem vitória ou humilhada glória. 

Se se não tem rua, caminha-se rua íntima 
Inventa-se vizinhança, leva-se a passear o cão invisível 
Esmola-se o comerciante, saúda-se o doentinho 
Pelo braço a velhinha devagar na passadeira. 

É-se tão mais livre quão mais certa a morte 
A hora de mais revisitar do que aprender 
Nem a azáfama social atrai já as moscas 
Livros porém são ainda capazes de janelas. 

Outro veio não almejo. 


    VII 

    Silvana, belíssima, ao balcão da confeitaria. O estabelecimento é antigo, não ela. Sei de fonte-limpa que em Março não trabalhava ainda aqui. Abril a trouxe, rico mês. Para mais, muito educada. Educada, não complacente. Gentil & atenciosa, não servil nem coquette. Dá gosto dar-lhe os bons-dias, receber os dela. O meu contrato com a seguradora expira em Março, não será renovado, já mo disseram. Deixarei de ter razão prática para frequentar este trecho da Cidade. Escrevo Silvana para esquecê-la, relê-la só na velhice, lá quando a consumação soprar suas trombetas estridentíssimas. 




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Canzoada Assaltante