JOSÉ RODRIGUES MIGUÉIS
(1901 - 1980)
176.
PARA MEL DE MEUS PECADOS
Coimbra, quinta-feira, 29 de
Outubro de 2020
(...)
II
Há muito é delida da existência a aurora já.
Ensimesmada nação, a infância de fora mirada.
Sabê-la extinta não obsta em si a reconhecê-la.
Ela agita ainda as patitas à luz cinéreo-amarela.
(III)
(Só há pouco, cozinhando, me lembrei: anteontem, 27, fez 40 anos o falecimento de um grande escritor Português – José Rodrigues Miguéis. Nesse mesmo 27/10/1980, completava a idade que tenho hoje a minha Mãe: 56 anos.)
(...)
V
Voltas, muitas, dadas pelo afinal humilde labirinto-natal.
Ao longo da existência volteante, algum perfume ocasional.
Certa obliquidade radiante do sol matino no Jardim-Parque.
Certo vestido amarelo-torrado, de moça a quem queria dar que
falar – lá onde o Mondego azula a jornada quieta
que a passado & a futuro volve em mera parelha obsoleta.
Daquela vez em Celas, levando a jantar a de porcelana,
cuja maturada virtude mais não durou que uma semana.
Foi tal por um Outubro também, para mel de meus pecados.
Tudo lá vai, que não volta – p’ra bem d’ambos os lados.
Ronrono prazenteiro relembrando tais doces malefícios
que a muito ultra-romântico fez internar em vis hospícios.
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