04/01/2021

VinteVinte - 176 (incompleto)


JOSÉ RODRIGUES MIGUÉIS
(1901 - 1980)

 


176.

 

PARA MEL DE MEUS PECADOS

 

Coimbra, quinta-feira, 29 de Outubro de 2020


    (...)


II 

Há muito é delida da existência a aurora já. 
Ensimesmada nação, a infância de fora mirada. 
Sabê-la extinta não obsta em si a reconhecê-la. 
Ela agita ainda as patitas à luz cinéreo-amarela. 

    (III) 

    (Só há pouco, cozinhando, me lembrei: anteontem, 27, fez 40 anos o falecimento de um grande escritor Português – José Rodrigues Miguéis. Nesse mesmo 27/10/1980, completava a idade que tenho hoje a minha Mãe: 56 anos.) 

    (...)



Voltas, muitas, dadas pelo afinal humilde labirinto-natal. 
Ao longo da existência volteante, algum perfume ocasional. 
Certa obliquidade radiante do sol matino no Jardim-Parque. 
Certo vestido amarelo-torrado, de moça a quem queria dar que 
falar – lá onde o Mondego azula a jornada quieta 
que a passado & a futuro volve em mera parelha obsoleta. 

Daquela vez em Celas, levando a jantar a de porcelana, 
cuja maturada virtude mais não durou que uma semana. 
Foi tal por um Outubro também, para mel de meus pecados. 
Tudo lá vai, que não volta – p’ra bem d’ambos os lados. 
Ronrono prazenteiro relembrando tais doces malefícios 
que a muito ultra-romântico fez internar em vis hospícios. 

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Canzoada Assaltante