Da janela, parece normal o alheio mundo
III
Algum sol esclarece hoje a matina outonal.
Algures, bétulas branqueiam o ar movediço.
Homens escavam uma vala além a poente.
Vigia-os uma máquina muito amarela.
De minha cidadela promontória, vigio as miniaturas.
Miniaturais de facto semelham carros, gente, barracos.
São todos, enfim, da envergadura que podem.
Da janela, parece normal o alheio mundo.
Há uma velha amalucada no prédio ao lado.
Tem acessos acesos de iracundas raivas.
Deve sofrer, coitada, de visitantes invisíveis.
Está na paragem-bus um esplêndido careca.
Ao sol matino refulge lustral sua calva.
Parece uma bola-de-bilhar com pernas.
(Não estou a rir-me dele, faço versos tão-só.)
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