X
É certa a dissolução corpórea, de incerta nada tem.
Isto tido em devida & lúcida conta, tudo bem.
Sigam os jogos, quais eles forem.
Juízes & algozes não escapam ao cadafalso, nem eles.
Tal verificação resulta em conforto ao atento.
Anos são rodagens em torno do sol.
A descomunal silveira estelar não paga copos.
Em transumância, a horda humana mais bale do que vale.
Quieta, a mesma coisa.
A única moda é morrer, dar lugar, calar o bico.
Negativismo – clamarão alguns.
Com certeza, gente: clamai para aí.
Conheceis alguém que tenha voltado?
Alguém que explique isto tudo?
Alguém que não saiba que isto tudo é nada?
O indivíduo compele-se à liberdade una.
O deserto que confronta é total.
A noz cerebral é quanto tem, além de pés & mãos.
Está a sós no que compreende.
Está a sós no que incompreende.
Maciel disse-me que não vale a pena chorar ao espelho.
Que mesmo sozinho se faz a mais triste figura.
Concordei de imediato com ele – até porque o sou.
O que me surge em sonhos é tão-só da casa mal iluminada.
Não dorme monstro na minha banheira.
É de todo indiferente ao que escrevo o que sonhais adquirir.
É-Vos de todo irrisório quanto escrevivo em subúrbio.
Lendo hoje o primeiro volume da bibliografia de Maugham, sorri.
A mocidade dele quando o escreveu, o para-quê de tê-lo feito.
Sei pouquíssimo – e não por humildade (m)o reitero.
Vila do Conde & Póvoa de Varzim disputavam-se pátria do Eça.
Parece que foi na Póvoa que o ilegítimo rebentou.
Foi morrer à cintura de Paris, mais novo do que eu sou hoje.
Serão deveras dele os ossos depositados em Tormes (ou alhures)?
E que será (des)feito dos do tenro Cesário?
E porque a eternidade não é ideia abarcável, haja jogos.
O jogo da escravatura como o do deus.
O jogo do diabo como o do turismo.
O da culinária como o da velhice.
O da política como o do versilibrismo.
Mínima consolação acontece por vezes à passagem.
Perder o nome – e até a sombra – ante o mar.
Durar todo o inverno sem receio nem fé.
Observar a infância antes do matadouro.
Quebrar pelos rins a rigidez da desejada.
E nada leiloar, nada arrematar.
O ponto está em fazer isto sozinho.
Só sozinhamente pode isto ser feito.
Venha quem (não) vier, igual.
A pessoa está nas suas mãos mesmas.
Também isto é certo,
não tão-só a dissolução.
Sem comentários:
Enviar um comentário