Há muitos anos já que pratico o recolhimento-voluntário
175.
ENTÃO A CORES
Coimbra, quarta-feira, 28 de Outubro de 2020
(I)
(Há muitos anos já que pratico o recolhimento-voluntário. O obrigatório não me assusta, pois.)
(II)
(Vai Outubro acabando-se, retorno não tem senão em livro.
Garrindo ouço indo & vindo as gárrulas ambulâncias.
Alheado da global barafunda, sabei-me Vós vivo.
Desinfecto meu derredor, como do melhor, guardo distâncias.)
III
Cinquenta anos volvidos desse ano da morte colorida.
Estrangeiramente o revejo em ubíqua reposição.
Crianças & adolescentes, velharia hoje todos, então a cores.
Parecem então – e são – frutos-íris em vivo pomar-paleta.
Um trecho de rio. Pavilhão gimnodesportivo. Ringue a céu-aberto.
Cortejo de bípedes papoilas, às janelas ramalhetes acenam famílias.
IV
Donato Bruni Ávalos Deusdado,
com tenda de calçado pelas feiras,
sustenta o velho pai, que, entrevado,
mira o tecto estriado de frieiras.
Cesaltina é a dona da estufa
criadora de mangas & ananases.
No rancho é aquela que adufa,
em casa vai criando dois rapazes.
(Toda a gente guarda a seus mistérios,
secretos permanecem os alvedrios.
(Passados berços juncam cemitérios:
morrem tanto os doentes quant’ os sadios.)
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