04/01/2021

VinteVinte - 175 (em completude)


 Há muitos anos já que pratico o recolhimento-voluntário



175.

 

ENTÃO A CORES

Coimbra, quarta-feira, 28 de Outubro de 2020

 


    (I) 

    (Há muitos anos já que pratico o recolhimento-voluntário. O obrigatório não me assusta, pois.) 

(II) 

(Vai Outubro acabando-se, retorno não tem senão em livro. 
Garrindo ouço indo & vindo as gárrulas ambulâncias. 
Alheado da global barafunda, sabei-me Vós vivo. 
Desinfecto meu derredor, como do melhor, guardo distâncias.) 

III 

Cinquenta anos volvidos desse ano da morte colorida. 
Estrangeiramente o revejo em ubíqua reposição. 

Crianças & adolescentes, velharia hoje todos, então a cores. 
Parecem então – e são – frutos-íris em vivo pomar-paleta. 

Um trecho de rio. Pavilhão gimnodesportivo. Ringue a céu-aberto. 
Cortejo de bípedes papoilas, às janelas ramalhetes acenam famílias. 

IV 

Donato Bruni Ávalos Deusdado, 
com tenda de calçado pelas feiras, 
sustenta o velho pai, que, entrevado, 
mira o tecto estriado de frieiras. 

Cesaltina é a dona da estufa 
criadora de mangas & ananases. 
No rancho é aquela que adufa, 
em casa vai criando dois rapazes. 

(Toda a gente guarda a seus mistérios, 
secretos permanecem os alvedrios. 

(Passados berços juncam cemitérios: 
morrem tanto os doentes quant’ os sadios.) 



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Canzoada Assaltante