© DA. 29 de Dezembro de 2020, 18h40m12s
VIII
Ninguém na rua. Levei os dois sacos ao lixo, vi ninguém na rua. Confinamento de dois gumes, parece: por dentro & por fora. À distância, tudo aparenta normalidade. Acesos os lampiões públicos, trânsito mais do que moderado ao longe, a noite do dia, aurora mandando a noite dormir.
De volta a casa, escusei-me, uma vez na vida, de papéis. (Como vêdes & lêdes, não durou muito a escusa.) Pasmei um bocado, na cozinha primeiro (não sei que jantar), depois no quarto (Maurois/Hugo por concluir).
Futebol com fartura na televisão – até enjoar. Notícias non-stop com travo a requeimado. A besta islâmica voltou a matar, desta vez em Viena de Áustria. Tudo deveras normal, portanto. Triste, obscura era.
Em ingentes outdoors, os sacerdotes de uma das novas religiões: as agências imobiliárias. Sorriem-nos, mui seguros de si, aqueles & aquelas jovens de nome próprio + apelido + gritante número-telemóvel. Mais do que venderem, querem dar. Dar-nos felicidade por um mísero palacete-formato-tê-zero. (...) há vários desses placards de plástica felicidade. É uma tipa de sorriso obtido a partir da ingestão de nitrogénio-líquido. Não tenho dinheiro para ela. Nem ela tem cara de alinhar por vinte euros. E que alinhasse: faltam-me vinte euros.
Nem rumo ao lixo arranjo companhia.
Moral-da-história & palavra-da-salvação.
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