© DA. 12 de Fevereiro de
2016, 18h26m
154.
BREVES LAPSOS
Coimbra, quinta-feira,
1 de Outubro de 2020
I
Outubro, já. Começa o derradeiro trimestre deste ano esquisito. No mínimo, esquisito.
II
Por sucessivas fatias umas a outras associadas,
acorrem à mão-redactora demandas, as da/por Beleza.
Chamai escapismo (*) à arte-pela-Arte: chamadas
tais me não fazem incorrer em vil tristeza.
Demando-A sim, ela só me resgata do império
chamado imbecil triunfo de tanto imbecil.
Li ontem de um deles o jubileu: a sério
que tomais por venerando mestre a tal camelo vil?
Ontem prefiro viver como se foram novos
– que os colhões, por peludos, não são ovos.
(*) “Mais uma vez afirma que a melhor finalidade da leitura e da escrita é o entretenimento, afirmação que levou alguns críticos a acusá-lo de escapismo.” – in Dados Biográficos como intro à edição & etc (Lx., 2005, tradução de Célia Henriques, supervisão literária de Vítor Silva Tavares) de Uma Apologia dos Ociosos de R.L. Stevenson.
III
Permiti-me, ó Vós, por voz minha ora Vos diga
da consistente fortuna, a qual é ser ’inda amado
por a lembrança mesma de meus Amados Mortos.
Gentil utopia essa – e tal, que falecer não pode, a tal,
mesmo ante a feroz essência da existência real.
IV
Breves lapsos de consciência m’inscrevem no teatro-cego.
Há coisas, que foram gente, que nunca mais emprego.
Saber, sabem pouco-nada-zero da natura diferente
do sentir-se pensando – mesmo estando doente.
Do ente, a génie singular única só pode ela ser.
Não há nisto patranha, nem baba com que aranha tecer.
Amo sem remédio nem destino o tempo feito olvido
– e nada do que V. abro faz, em livro, sentido.
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