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DA. 27 de Maio de 2015
(III)
(diz-me agora alguma coisa de ter um irmão doente)
(É uma incapacitante tristura.
É acudir sem água a incêndio.
É dor não-prescrita pelo compêndio
de patologia a mais obscura.)
IV
Se te dizem teres vindo por engano,
não te enganam?
Que amor não engana
etc.
V
É agora engraçado perceber que sim – que depressa e bem haja quem.
O caso é este de Dulcemira, mulher de Germano, parteira não-licenciada de quanta mulher fabril & febril por aí anda desovando-se, legítima como ilegitimamente. Dulcemira não apara: tira.
Depressa & bem para alívio da nova mãe.
(VI)
(Pai, senhor Pai
Senhora minha Mãe
O q’é vindo se vai
& o que vai, já não vem.)
VII
A seguinte, Amiguinhos & Senhoras, passou-se com um rapaz da minha criação cujo destino o levou a toda a parte – mas mais por sua, dele/rapaz, arte do que da do dito, aliás improvável, destino. Assim foi:
Énio Galiano se chamava. Nasceu sobre o antro do sapateiro, ali ao Arco Pintado. A mãe era sozinha com ele, que bastardo nascera por meia-culpa do pai – casado, abastado & advogado da coimbrã praça, com escritório na 8 de Maio. Énio não se ficou. Lábio-leporinamente nado rachado, teve infância por outros gozada. Aguentou-se. A mãe fazia limpezas. Ele – também. Estudou afincadamente. Fez-se advogado. Emulou o pai, seu avatar. Perdeu algumas causas, ganhou outras. Casou-se tarde & bem. Amparou a mãe. Viu-me naquela dobra que a tardinha de Setembro vinca na pré-noite. Fez que não me reconheceu à primeira. Nem à segunda o pôde fazer, pois que dele me apartei sem achegado me ter eu a ele – a ele, que o criei, de nome-próprio, de um rapaz de Abiul (Pombal), e de apelido de um livro circense da esquisita Enid Blyton.
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