30/12/2020

VinteVinte - 171 (VII-X)


Era no Botânico, por um Maio devindo improvável. 



VII

Campo aberto afora, veias de água têm altas magras árvores 
prestando-lhes sentinela, honra, amparo, gravuração. 
Ao dissipar-se a aluminiada luz da jornada cessante, 
invisível recolhimento da fauna se processa em mudez. 
Já os cultivadores se reconheceram por igual, eles afinal 
seguidores do mesmo ritmo de aves & rasteiros, iguais. 

Assisto a esta maravilha humilde de muito longe. 
Toda a vida o tenho feito esperando dela tão-só uma linha. 
Linha de prosa, linha de verso, linha de conduta. 

VIII 

Era no Botânico, por um Maio devindo improvável. 
A economia não se impusera como deusa, não ainda. 
O casalito seguia mãodadamente por a álea amável. 
Ele, apesar de homem, nada feio; ela, claro, mui linda. 

Já o que vem nos livros os atraía serpemente. 
Sabiam só de outiva haver no mundo maldade. 
Ele não era ainda acólito da religião da aguardente. 
Ela ainda o não trocara por outro gajo d’outro cidade. 

         IX 

    Joaquim José Diano, valente polivalente, faz expedições de trabalho ao estrangeiro. Oficia como pedreiro, electricista, canalizador, pintor, serralheiro. É, para mim, o verdadeiro super-homem. E existe deveras, não é falseada invencionice minha. Já fez quase toda a Europa. Fez duas vezes África, mas nenhuma delas lhe correu bem. Não volta lá. Por hoje, é quanto tenho a dizer dele. 

(X) 

(Números oficiais do dia panviral: 31 mortes, 2899 casos.)


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Canzoada Assaltante