© DA.
Rua Humberto Delgado, Coimbra, 20 de Maio de 2015
Casas muito brancas atiram braçadas de verde & azul ao oiro do dia.
Não conhecemos quem lhes anda dentro, quem as anima.
Nem que amor lhes foi feito, nem que mortes ali acordaram.
É de longe que as lobrigo, em minha imóvel pressa.
Arte de verbal hortelão me leva a amanhar vergéis sem chão.
A vera terra, perfumada de recém-chuva, exala salvação.
Repensemos os nossos Amados Mortos como nossos:
nunca como ossos.
Dou-Vos a minha mentira mais gentil.
Não sofro importância: própria ou alheia.
Em bruma frígida nunca demando esta mas outra coisa.
Errei-Vos: a ti, a ti, a ti & a Vós, senhora.
Receemos alguma urgência.
Temamos a autocomiseração.
Fujamos da instantânea autogratificação.
Anulemos a auto-indulgência.
Então sim, assim, livres por devindos simples.
De nossa pele raspada a imundície oficial,
libera-nos qualquer certeza, se clara ela:
e a da própria morte não é de todas a pior.
Casas muito brancas
etc.
XII
Mais do que uma vez já estive para morrer na estrada.
Não morri, os anjos-da-guarda não estão sempre em greve.
A mente faz por mim quanto pode para soterrar tais instantes.
Há sempre o risco de eles balizarem novas horas-más.
Em ambos os partos de minhas Filhas ambas porém estive.
A luz redefiniu então aquilo a que chamamos claridade.
Estar vivo pareceu-me diáfano como nunca (mais).
E era & vai ser & é.
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