156.
OLÁVIA, MINIATURAS, PERTENÇA,
ACÉDIA, ÍNSUA & ETERNO GATO
Coimbra, sábado, 3 de
Outubro de 2020 (I)
I
Olávia recebe às quintas, oferecendo chá & pastéis-de-Tentúgal bem mimosos. É agradável par de horas. É-se recebido o mais tardar às nove da noite, fica-se o mais tardar até às onze & ¼. Em datas peculiares, há quarteto-de-cordas ou dueto piano-soprano. Nessas ocasiões mais festivas, o chá cede posto ao champanhe & ao conhaque; os pastéis, a delicadezas salgadas da Confeitaria Rivoli, centenário paraíso dos palatos coimbrãos. Já não frequento o salão de Olávia desde que Runa & eu anulámos os esponsais com que mutuamente nos ameaçávamos. Ouço dizer que ela se entende agora com um promissor donzel, italiano de Turim próspero no ramo automóvel.
Está bem que bem esteja tudo assim. Não quero que o século se escoe à bruta. Demorarmo-nos um pouco não nos há-de causar moléstia mor.
II
Cisnes, elefantes, donzelas, casitas – miniaturas de porcelana. Pela casa toda, sobre madeira, chamando a atenção das crianças. Estas envelhecem, geram novas crianças atentas à delicadeza das miniaturas. Só isto – mas assim tal-quanto o conto.
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