© “A Walk To The Paradise Garden”, W. Eugene Smith
(1946)
158.
DO TURISMO POSSÍVEL
Coimbra, quarta-feira,
7 de Outubro de 2020
I
Crianças, poucas, esparsas por o relvado, colorindo a manhã fina. O olhá-las de fora não pode penetrar o que já são – o que os gestos, quando adultas, revelam delas. Por enquanto, ainda imaginam, talvez. Ainda criam, talvez.
Os elementos naturais, em plena perene plenipotenciária indiferença, segregam de si o Tempo. O recinto, aliás bem amplo, é escrupulosamente murado. Há o pátio soberbo, de gravilha eterna; a môle gótica do colégio; a capela sem ornatos violentos; a casinha, quase de brincadeira, do casal caseiro.
O bosque derredor é do património da instituição. Já por ele podem aventurar-se os dos anos finalistas. A vaga, espectral, intuitiva sexualidade de tal local seduz & abisma. Ali foi que Eurico pensou em Arcília. Ali foi que um professor foi surpreendido o mais vergonhosamente.
II
Não seduz a pobreza prolongada bom verso.
A salvação mitiga só microscopicamente.
Validez vibre da mão ao torso.
Vias por natura abrem-se sempr’adiante.
Assim-seja.
Palavra-da-salvação.
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