II
A 6 de Outubro de 1976 (uma quarta-feira), Rory Gallagher dá de si no Rockpalast de Köln. É um anjo único. A homilia dele é o domínio absoluto do instrumento. Veste de modo irrisório. O ouro está todo na música, o aparato fica aí. É o domínio absoluto do anjo-músico sobre o que sobrevoa.
Outras madeiras morrem de pobres, perdão, de podres em
estaleiros anonimados. Até a pedra apodrece – e eu não queria em tal crer. A modas
não signo, perdão, não sigo: repugna-me todo o rebanho bípede.
Palavras & música irmanam-se em alguma fábrica
corpórea de artista. Daí ao absoluto domínio, uma vida vai – vai & só volta
se algum registo tiver sido obrado por generoso testemunho.
A luz doura-lhe cabeleira já de si d’ouro arruivada. É em
Colónia, que há duas décadas & picos os Aliados arrasaram à força de bomba
peremptória. (Mas a Catedral aguentou-se.) A paz ocidental vinga agora na breve
plateia. Nem cirrose nem overdose, não ’inda.
Em 1976, faltam onze anos até que morra a senhora
Yourcenar. E dez até que o Jorge, que me indicou o Rory.
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