António Maria Lisboa
(1928 - 1953)
113.
ANTONIANDO
Coimbra, sábado, 1 de Agosto de 2020
I
Escrevo ao correr da pena a figura serena de Rómulo de Carvalho / António Gedeão. Lavada mente, a dele. Logrou sobre-ser, extinto em cinza o corpo que foi & se foi. A escrita dele perdura, inofensivando, por enquanto, a exacção do Tempo.
Segue-se-lhe outro António (Maria Lisboa). Precocemente exaurido, largamente ignorado, mormente esquecido. Corresponde bem, por animal & por extinção, a anjo. Releio o pouco que deixou, de quando em vez. Como Cristovam Pavia, Cesário Verde & Sebastião da Gama, mal teve tempo de ver se chovia ou nem por isso.
Todos os nomes acima arrolados são de basilar necessidade quanto à leitura fiel de Portugal. Mais agora, que o instante é de ingentes indiferença, ignorância & improbabilidade.
E outro António: Aleixo – de equivalente importância aos referidos.
II
Quem-Sou-Donde-Venho-Para-Onde-Vou
continua a ser trindade interrogativa
da pessoa que, cabeça tendo, a usou
para saber por que está viva.
III
Escrevo depois uma carta sensata
que os versos contrariam, retrasados.
Tiro um trecho de rio & de mata,
derredor campos todos cultivados.
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