05/11/2020

VinteVinte - 104 (só o V para seguir em frente)

 

V

 

Antes de retornar a casa – para nela me encerrar sem remorsos nem contas a prestar –, procedo ainda a algumas linhas que podem, até, resultar não-despiciendas.

Humanália ocupa a esplanada vermelha desta secção microportuguesa do mundo. Os homens, estragados quanto eu: barrigas acordeónicas, olhos piscos, unhas bordadas a esterco, tatuados como cobras de circo. As mulheres, inchadas de farinha como peidos brancos, envernizadas patorras dígitas, sem um grama daquele sal tipo comia-te-toda. As crianças, banalizadas: quanto + phones, menos smarts.

E de resto?

De resto, faltam-me trinta páginas para conclusão da primeira leitura integral de Sangue e Prisão, por Curzio Malaparte. É sábado. Manhã. Faltam oito para as onze. Já o monstro calorífero amarra sua nave desumanista.

Devo dormir uma secção substancial da tarde. Oxalá. Cerrar portas & portadas, convocar uma frescura pérfida, perdão, perdida nos senfins do Tempo. É Julho – mas não estou o mês todo com a minha Mãe na Figueira. Já não. Nunca mais.

“Agora a vinha é doce / Em vinha d’alhos”, Dom José Afonso. Pois é.

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Canzoada Assaltante