V
Antes
de retornar a casa – para nela me encerrar sem remorsos nem contas a prestar –,
procedo ainda a algumas linhas que podem, até, resultar não-despiciendas.
Humanália
ocupa a esplanada vermelha desta secção microportuguesa do mundo. Os homens,
estragados quanto eu: barrigas acordeónicas, olhos piscos, unhas bordadas a
esterco, tatuados como cobras de circo. As mulheres, inchadas de farinha como
peidos brancos, envernizadas patorras dígitas, sem um grama daquele sal tipo
comia-te-toda. As crianças, banalizadas: quanto + phones, menos smarts.
E
de resto?
De
resto, faltam-me trinta páginas para conclusão da primeira leitura integral de Sangue
e Prisão, por Curzio Malaparte. É sábado. Manhã. Faltam oito para as onze. Já
o monstro calorífero amarra sua nave desumanista.
Devo
dormir uma secção substancial da tarde. Oxalá. Cerrar portas & portadas,
convocar uma frescura pérfida, perdão, perdida nos senfins do Tempo. É Julho –
mas não estou o mês todo com a minha Mãe na Figueira. Já não. Nunca mais.
“Agora
a vinha é doce / Em vinha d’alhos”,
Dom José Afonso. Pois é.
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