Segunda-feira
Quase violenta de tão rubra, a mancha-camisola de um torso feminino faz bandeira-pátria com o virente relvado da Praça 25 de Abril (a de Coimbra, com fonte-repuxo-cebola de água sobre duas cascas de pedra).
Por essência incomparável, cada vida vai de sua camisola. É precisamente o caso (ou o ocaso) deste velho de algodão branco periclitando pela passadeira-asfalto. Hesitam dele as patitas de papagaio por demais saciado, na lapela debicada as cascas das sementes roídas, um bisneto a caminho, o diabo a quatro menos 2x2 em breve, ali na câmara-mortuária de São José, ao Calhabé.
Calça elástica cor-de-rosa, agora: empregada de limpeza em equipa do moderno esclavagismo: quatrocentos e 50 euros por baixo da mesa sem descontos para empresa de um gajo que tem carrinha e conhece gajas. Linda, todavia: como o sol rompendo o nevoeiro sobre charco de rãs. Mamas de nata para mais seis anos sem frigorífico.
Ou então:
O homem que hoje me pediu aceitação de almoço, uma coisa só dele que só ele poderia contar-me, nada de sexual perfídia, nada de cocaína pré-colombiana, antes apenas “que hei-de eu fazer da minha vida não lida?”
E eu:
Quase pacífica de tão verde, a camisola dele etc.
Sem comentários:
Enviar um comentário