114.
DO VINTEDEZANOVE
Coimbra, terça-feira, 4 de Agosto de 2020
Procedo agora à cópia recuperadora de escritos – uns poucos, não muitos – do ano passado, VinteDezanove. Dou-lhes aqui abrigo para que de todo se não percam sem contexto nem lombada.
22.6.2019
Sábado
(...)
Certo sábado futuro, acalorado pela violência implacável deste sol ex-português, entristeço como jarra sem flor num boteco destas (ou doutras) cercanias. Pertence-me a literatura possível da hora: aqui onde as prateleiras empinam os objectos & as iguarias. Conservas de pescado, volumes de tabaco, garrafas de humílimos rótulos espirituosos, chocolates prensados a lacre plástico. Deveria, presumo, ser feliz. Tílias farfalham sombra fresca, pardais instauram a pátria constante dos versos que eles por si mesmos são – sim, pardais & tílias consumam a coimbricidade perpétua do meu nascimento: mas e agora?
Agora, passando vão duas bípedes senhoras de fartos fiambres. Bonitas ainda, fanadas embora. Deixam por rasto um olor a água de flores caducas, dessas que nos cemitérios aguadilham a podridão dos nomes, que a das datas não.
(...)
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