III
Ó imaginada noite estrelada
Estrelada como o manto do mágico
Cada um é ante ti desarmado
– E se desamado, pior.
Matina minha a que a sós pertenço
Pertença que me pensa & sente perto
Mísera, ínfima condição a humana é
– E se lúcida, pior.
Tarde árida, ávida, estéril
Em ti os prédios semelham túmulos verticais
Jazigos para ratos & mercearias
Que a podridão consome ao gume dos dias.
Aqui onde me vêdes
Ó noite, ó matina, ó tarde
Aqui ainda refaço quanto fui
– Feliz até, por um fósforo.
IV
Com grande clareza & desarmante claridade, Wittgenstein postula que
“conceber uma linguagem é conceber uma forma de vida.”
Belo achado, excelente pólvora. Eu crio antes da morte para anulá-la: e cheio de viciosa ingenuidade o faço.
As constantes motriz-obsessionadas do que escrevivo? Facílimo apurá-las, em nitidez & relevo, junto de quem me leia sem partis-pris, qualquer este seja. Posto isto, bebo em sossego uma alta cerveja.
E mais isto: sempre que escrevo matemática, é ela literal que viso significar. Em moço, o estudo dela remunerou-me. Não a segui academicamente, havendo optado pelas ditas humanidades, id est, língua & literatura: são a minha mais ilusória sinecura.
Sem comentários:
Enviar um comentário