06/11/2020

VinteVinte - 106 (III & IV)

 

106.

 

JORNADA IGUAL

 

Coimbra, segunda-feira, 20 de Julho de 2020

 

 

(...)


 

III

 

Cristóvão Montebosque viveu & trabalhou na Berlim dos ominosos anos de 30/XX. Aprendeu muito, guardou muitíssimo. As suas Memórias Alemãs não tiveram qualquer reconhecimento nem sucesso comercial. Não importa, acho eu. A gentalha gosta mais de merda, tal como a burricada, de palha. Esta verdade é particularmente bicuda no Portugal de Agora/XXI.

Jonas Guineza foi coetâneo de Montebosque. Corresponderam-se com alguma frequência nos anos 60/XX, embora nunca se tenham entrevisto pessoalmente, não calhou assim. Jonas, editor seguro, também nunca publicou Cristóvão, que guarda fidelidade (não retribuída, porém) à Editorial Palaciana.

 

IV

 

Detalhes estrangeiros arrolam-se a partir de fontes tão diversas quão fiáveis:

 

Monturo de sacos de lixo; um dos sacos contendo uma cabeça humana – de rapaz adulto há pouco, uma mão (dextra), um pé (esquerdo);

 

Uma mulher-polícia, francófona, à beira dos quarent’anos, rosto por-assim-dizer varonil, Simone;

 

A fotografia de uma rua comercial pelo entardenoitecer; profusão de estabelecimentos, serviços, atracções & mendigos; uma senhora vestida de negro atrelada a um cão cor-de-neve;

 

Tela pintada a óleo representando um trecho de mata adentrada por caminho de terra muito calcada.

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Canzoada Assaltante