106.
JORNADA IGUAL
Coimbra, segunda-feira,
20 de Julho de 2020
(...)
III
Cristóvão
Montebosque viveu & trabalhou na Berlim dos ominosos anos de 30/XX. Aprendeu
muito, guardou muitíssimo. As suas Memórias Alemãs não tiveram qualquer
reconhecimento nem sucesso comercial. Não importa, acho eu. A gentalha gosta
mais de merda, tal como a burricada, de palha. Esta verdade é particularmente
bicuda no Portugal de Agora/XXI.
Jonas
Guineza foi coetâneo de Montebosque. Corresponderam-se com alguma frequência nos
anos 60/XX, embora nunca se tenham entrevisto pessoalmente, não calhou assim. Jonas,
editor seguro, também nunca publicou Cristóvão, que guarda fidelidade (não retribuída,
porém) à Editorial Palaciana.
IV
Detalhes
estrangeiros arrolam-se a partir de fontes tão diversas quão fiáveis:
Monturo
de sacos de lixo; um dos sacos contendo uma cabeça humana – de rapaz adulto há pouco,
uma mão (dextra), um pé (esquerdo);
Uma
mulher-polícia, francófona, à beira dos quarent’anos, rosto por-assim-dizer
varonil, Simone;
A
fotografia de uma rua comercial pelo entardenoitecer; profusão de
estabelecimentos, serviços, atracções & mendigos; uma senhora vestida de
negro atrelada a um cão cor-de-neve;
Tela
pintada a óleo representando um trecho de mata adentrada por caminho de terra
muito calcada.
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