126.
RAUL, O ROEDOR
Coimbra, terça-feira,
25 de Agosto de 2020
Cavalo negro & gato branco partilham o instante no jardim da mansão senhorial. Nem espírito nem porvir. Nem valor nem regulamento. Todo o prejuízo só pode vir – se vier – do sujeito que olha. O atavismo há-de ser dele.
Em outra ou mesma matina, três mosqueteiros (re-)unem-se na atenção que lhes atiro: Paul Valéry, Pierre Louÿs & André Gide. Palavrosos, interessantes. Depois Heidegger, muito interessante, justapoedor de neologismos carregados de intenção significativa relativamente ao Ser, ao Nada, à Autenticidade & à Liberdade.
Como descampados pontuados aqui-além, também a memória se me salpica de casas devolutas. Nem fantasmas as habitam. Invade-as a erva & o mato de alguns versos, nada mais.
Algum fruto, enfim, isto vai dando.
Frescura nova, a noite mais antiga.
Descer parece ser mor pontaria.
A vaga há-de chegar, tudo levando.
(É inelutável ir aprendendo sempre. Reconhecer o mau & o mal; identificar o bem & o bom.)
Para muito, é tarde de mais.
Para outro tanto, nunca devera haver sido cedo.
Ou então Raul Brandão assim em Húmus:
“O homem rói dentro do homem: criam-se olhos que vêem na obscuridade.”
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