11/01/2010

Sempre que Nunca

Souto, Casa, noite de 11 de Janeiro de 2010



Terrível é a nossa matriz consciência
sempre que
nunca
é a palavra
mais connosco parecida.


Torrentes urbanas levam e trazem e coam e dissolvem,
ninguém parece estar muito bem longe da infância.
Custa crescer em corpo para isto – ser senhor
na mercearia, senhor na loja, senhor de nada
ao espelho.


Patologias e ensimesmamentos cauterizam do olhar
o antigo brilho, o que retornava de ter visto fruta,
alguma pessoa bonita, um lance espectacular
de aves mais livres do que o mesmo mundo.


Depois, há ainda a tradição de homens e mulheres
cultores e cultoras de ofícios em vi(d)as de extinção,
tais como
aparelhador de sondas psíquicas,
técnico de brisa oriental,
escudeira de retratos a sépia,
amaciadora de gatos,
sulcador de azenhas,
apreciadora de escunas,
topógrafo de arritmias pós-amorosas,
fã de Jan Garbarek,
colector de caricas de laranjada,
guarda-linha,
cola-tudo,
harpista
e
enólogo de águas-paradas.

Sempre que
nunca
é a palavra
mais com a nossa vida
parecida.

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Canzoada Assaltante