© Clarence John Laughlin - Possessed by the Past (1939)
Souto, Casa, tarde de 11 de Janeiro de 2010
Antes de acordar, algo por mim teve a certeza de as coisas da casa estarem a falar umas com as outras a propósito disto, da vida, da duração delas coisas na vida, na casa. As fotografias, as chávenas, os apetrechos da casa-de-banho, as ferramentas em sua caixa, os vasos com suas plantas, a cama das gatas, a televisão ilusoriamente desligada, o arame de secar a roupa, as escovas dos dentes, as várias máquinas, o cesto do pão mordido de véspera.
Calaram-se todas ao meu retorno. Fiz assim: que não sabia de nada (e não sabia – escrevo para saber), despi a armadura de flanela e meti-me a banhos. No espelho, conferi o manuscrito do Tempo feito atenção e rosto. Seguei a barba, digitalizei um pouco de perfume nos bastidores dos lóbulos, derivei para a confecção de café forte, tomei-o de pé ante o silêncio geral, finalmente, de toda a casa.
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