03/01/2010

Coroo Rostos mais por Numismática do que por Necessidade

Souto, Casa, 3 de Janeiro de 2010





Deste antiponto do espaço-tempo, vejo a noite tomando posse da casa dos meus tios Manuel Fardinha e Augusta Rendilheira. Que corpo tenho para esta visão? Seguramente mais que apenas este: um outro mesmo.
Do lado esquerdo desse corpo, desse futuro antigo, a sobreloja do Armando Curto e sua mulher Odete com taberna-mercearia em baixo. À direita taberna-carvoaria do Manel Pantaleão. Vórtice e décadas. Cheguei ao futuro, sou estoutro corpo. Quanto juntei – uma gramática. Coroo rostos mais por numismática do que por necessidade. Sou através.
Eles antigamente traziam o entardenoitecer à arreata. Vinham das fábricas, vinham do Campo. As mulheres urdiam lume nas casas rasas. Os homens consertavam pobrezas ínfimas: uma cadeira, um relógio, uma picareta, um psyché. Eu rondava. Parecia-me (’inda me parece) a explicação das colmeias, o que eles e elas davam.
Todos eram vivos e necessários ao mundo. Perto do Natal, a geada vitrificava os pastos, as eiras, os tractores, os passaritos, os choupos, os fontanários, os pastores, as cortinas, os bandolins, a Tia Maria da Estação, as Convertidas, o Picoto, a quinta e os cavalos do Notel, o espaço-tempo.
Hoje é o futuro para que eu possa ser antigo, não se fala mais nisso, numismática para quê, para quem.

2 comentários:

Professor disse...

Caro Daniel,
sem esse futuro antigo que pobreza seria o futuro futuro.
Bom 2010, futuro tão recente.
Um abraço (sem tempo)

Daniel Abrunheiro disse...

Bom Ano, meu caro Amigo.

Canzoada Assaltante