J. Cardo Flores tomou banho sem noticiar o vago erotismo da solidão.
Espumou o corpo, que olhava de cima sem ver o que em baixo resultava líquido, a clara morenidão.
Ao enxugar-se com uma toalha rija, conferiu alguns pêlos, sorriu de esguelha para a neblina do espelho londrino, espirrou restos de palavras nasais, desdobrou o tapete do bidé e saiu nu para o corredor.
Escolheu roupa leve e branca.
Saiu para a brisa possível de julho, tomando ares antes de café.
Tresleu os atentados da véspera, resolveu meio problema de palavras cruzadas, pensou no mar.
Chegou ao trabalho e trabalhou.
À noite, estava livre de novo e a precisar de um banho.
Tondela, manhã de 8 de Julho de 2005
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