15/07/2005

Bicicleta de Recados - 1


Estreia: 20 de Julho de 2005, ACERTondela.


Pequeno divertimento poético para três bicicletas


O ponto de partida estabelece-se na morada dos poetas:
no Portugal de Manuel Alegre, Álvaro de Campos, Alexandre O’Neill…
No Brasil de Manoel de Barros, Manuel Bandeira, Adélia Prado...
Enfim, cruzando percursos dos falantes do português.

Três personagens, sem idades definidas, palmilham o percurso tomando as colorações das suas muitas idades.
O seu Mundo é o da poesia que neles habita, projectando-se em imagens e sons que lhes avivam memórias.
Os personagens pedalam as palavras nas suas três bicicletas, acenando aos poetas e ao público que, como numa prova, ladeiam a estrada.
O que lhes interessa, aos actores, é estabelecer um pacto com o espectador. Querem convidá-lo a aceitar as inverosimilhanças que o discurso poético permite.

“Poesia não é para compreender, mas para incorporar.
Entender é parede; procure ser árvore” *

Também estas personagens, tal como o poeta Manoel de Barros, procuram na poesia o que ela possui de brincadeira e interacção recreativa.

“Palavra poética tem de chegar ao grau de brinquedo para ser séria” *

As personagens de “Bicicleta de Recados” são crianças mesmo quando são velhas. São crianças na capacidade de aceitar o novo, o diferente. São crianças também na capacidade de espanto.

“Uma criança de quatro anos pode dizer com toda a espontaneidade: ‘Que esquisito: as árvores se agasalham no verão, ao contrário da gente(…)’” *

Fazem-se pequenas paragens para recolher mantimentos, decorrendo a jornada em cinco Andamentos:

O Primeiro – das palavras, dos poetas e da poesia;
O Segundo – do quotidiano de um Mundo de gente que passa e de outra que a reconhece;
O Terceiro – do amor;
O Quarto – do país;
O Quinto – das crianças, dos velhos, da vida e da morte.

Para a realização desta viagem utiliza-se, para além das óbvias palavras, a musica e o vídeo. Estas duas linguagens artísticas, longe de ilustrarem o que está ser dito pelas três personagens, procuram expressar, em e por si mesmas, um outro nível de discurso poético.

Neste trajecto da criação, muitas questões se nos colocam. As respostas são o instrumento que nos levam a reflectir, a contrapor e a descodificar com prazer.
Porque para a poesia, tal como para o teatro, o que importa são as perguntas, porque o fascínio é decorrente da contradição.

* versos de Manoel de Barros
Pequeno divertimento poético para três bicicletas

Texto – Poemas de: Adélia Prado, Alberto Caeiro, Alberto Pimenta, Alda Pereira Pinto, Alexandre O’Neill, Álvaro de Campos, António Ramos Rosa, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Eugénio de Andrade, Fernando Assis Pacheco, José Carlos Ary dos Santos, José Gomes Ferreira, José Jorge Letria, Manoel de Barros, Manuel Alegre, Manuel Bandeira, Manuel Maria Barbosa du Bocage, Maria Teresa Horta, Paulo Cid, Rosa Alice Branco, Ruy Belo e Vinicius de Morais

Dramaturgia Carla Torres

Encenação Carla Torres e Pompeu José

Assistência de encenação Gil Rodrigues, Ilda Teixeira, Raquel Costa e Sandra Santos

Interpretação Carla Torres, José Rosa e Pompeu José

Vídeo Marta Fernandes, Pompeu José e Zito Marques

Participação Vídeo Afonso Cortez, André Melo, Bruno, Carlos Arede, David Viegas, Gustavo Arede, Ilda Teixeira, João Bruno, José Rosa, Marta Fernandes, Miguel Torres, Paula Coelho, Rui Sérgio, Rute Lourinho, Ruy Malheiro, Sara Seabra, Solange Frazão e Vera Silva

Cenografia José Tavares, Marta Fernandes

Música Fran Pérez e Neno Escuro
Músicos Brian Carvalho, Fran Pérez e Neno Escuro

Figurinos Ruy Malheiro

Desenho de Luz Luís Viegas

Técnicos Cajó Viegas, Luís Viegas e Paulo Neto

Construção de Cenário Marta Silva e Rui Ribeiro

Apoio Montagem Rui Coimbra, Sílvio Santos e Vítor Sousa

Desenho Gráfico José Tavares

Fotografia Carlos Teles e Eduardo Araújo

Produção Marta Costa

Catálogo Daniel Abrunheiro

Agradecimentos Amolador, Nuno Cash, Manuela Barros Ferreira

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Canzoada Assaltante