Atira-se e descreve uma curva várias vezes geométrica por segundo, essa mulher na minha memória.
Outra me espera na chegada da primeira, suspensos os olhos e a respiração do respeitável público, que pagou bilhete para ver os leões e aquilo que recordo.
Algumas senhoras mudam de lantejoulas no inconsciente apartado por uma cortina alta, encarnada.
A banda, em cima, rufa e saxofona com estrépito.
Recordo, recordo, não acordo.
Outra atira-se no inverso da primeira, várias geometrias piruetadas, uma tarde à chuva vista da sala de espera da ferrogare, o beijo molhado na face do marido, a despedida por força da indecisão, eu que me lixe.
Mas de novo rufa a tarola, senhoras e senhoras, queridos meninas e meninos, outra se perfila, atira-se, recorda, acorda.
Imagem: enviou-ma o Rui Correia em 2002
Texto: Tondela, entardecer de 20 de Julho de 2005
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