08/07/2005

O Mapa das Nespereiras

Ainda aqui está comigo, a velha força. Bem, assim. Bem, então. Vamos ver.
Hoje, cruzada a meia-noite, no mesmo aldeamento onde, vejamos, há 24 anos cruzava outras meias-noites.
Rostos iguais na memória, 24 anos diferentes apenas no facto de a idade.
A mesma esperança, não tão cega embora.
Muitos livros sob as pontes desde então, entre cá e aqui.
Terra da Mãe.
Novos prédios bloqueando o monte.
Alguma infância, muita adolescência: dois frutos pisados.
As fábricas desmanteladas, lugares mortos devassados pelos fantasmas dos meus cães.
Mas alguns vivos, também, na rua pintada de noite.
Uma das ruas do lugar tem o nome de hoje: 4 de Julho. Ela e a minha, a 1º de Maio, entroncam no Largo de S. Simão, ninho de autocarros e 'dealers'.
Ser de um sítio? Bem, ter caminhado todas as ruas. Saber de cor o mapa das nespereiras. Reconhecer no animal o amor do dono: o homem das pombas, a mulher dos gatos, o senhor do corvo, eu com os cães.
Meia-noite, meia vida.
Força toda.


Pedrulha, madrugada de 4 de Julho de 2005

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Canzoada Assaltante