06/10/2020

VinteVinte - 69 (inteiro)


Grégory Gilbert Villemin

(24-8-1980 – 16-10-1984)




69.

 

SETE SÉTIMAS + UMA ANTÍFONA

 

Coimbra, sábado, 30 de Maio de 2020

 

 

         I. SETE SÉTIMAS PARA GRÉGORY, RORY & BILL

 

Dextra sinuosidade trágica:

Rory Gallagher, Bill Evans.

Deles conversando vou comigo,

em o Sábado já descend’ecadente,

Ouço-lhes a música viva,

descuido que morrem de tão doentes

em breve, brevissimamente.

 

Olha comigo tal Campo, Além:

pouco corpo hemos p’ra tanto mundo.

E no entanto os três pequenos:

Tu, Eu & Ele-Mundo.

Rory & Bill, grandes todavia

cada dia que deles não passa.

Acho graça a tal (des)concerto.

 

Sinistra sinuosidade trágica:

Grégory Gilbert Villemin

(24-8-1980 – 16-10-1984).

Atado de mãos & pés,

atirado ao rio frio.

Não é de hoje que, assim s’abrindo les jambés,

os Franceses matam a França.

 

Uma vez na vida, sei do que me falo.

Falo-me de Bill, Rory, Grégory.

A música deste último é mais intransigente,

tipo Tuons les enfants de la Patrie

etc.

Céu baixo, hoje, ocluso:

só límpido surge o trágico-humano.

 

Não pode ser evitado, o trágico-humano.

É trágico por ser humano.

Só é humano ser trágico.

Foi isso que o género veio inventar.

A criação humana na terra é a Tragédia,

que rima com Comédia

sem ser por um mínimo acaso.

 

Às cinco da manhã já a música das aves é.

Lá andam Bill & Rory, entr’elas.

Grégory, digo-o também que sim, mas.

Grégory é o menino afogado pelos corvos.

Nordeste de França, os Vosges, tão bonito pays.

Os monstros do clã rondam.

E escrevem missivas em Francês mau & anónimo.

 

Evans, Gallagher, Villemin:

há muito se ralo-escoou a manhã.

A noite nova é velha como da avó o linho.

A noite é a avó em desalinho.

Bill não pode ser perdoado,

Rory não pode ser perdoado,

Grégory não pode ser.

 

II. ANTÍFONA (DO MAU LIVRO)

 

Olho por olho, dente por dente.

Se numa te baterem, tu oferece

a outra ao lado, digo, a face.

Mas cuidado co’ olho, cuidado co’ dente. 


 

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Canzoada Assaltante