Faz-nos diferença sermos tão quase iguais em tudo,
na morte aliás garantida como na desprometida vida.
E no entanto somos ou fomos belos animais crepusculares todos,
por aqui às voltas com o assunto de ontem, hoje e anteontem.
Nenhuns somos más pessoas, até por sermos da rua
onde param o autocarro e a própria sozinha Lua.
Nossa é a certidão melancólica, nosso o faqueiro de prata,
como nosso é o segredo íntimo quase nem sonhado.
Em cozinhas de má luz e maior humildade,
as nossas infâncias para isto prosperaram: a caber
num soneto, numa troca de palavras oficiosas em funerais,
entre os varais públicos que cifram as ruas, as noites,
os meses de comer pouco e pensar muito, mormente quando
o crepúsculo se torna um modo de vida, aliás amável.
1 comentário:
"Faz-nos diferença sermos tão quase iguais em tudo,"
Nomeadamente ter a vida tão "desprometida", que o ser "crepuscular", já quase não me faz mossa.
Gostei.
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