Souto, Casa, tarde de 16 de Agosto de 2009
Digo-te uma bondade próxima da resignação.
Alimento-me de janelas, como nuvens, andarilhas.
Ao fim das tardes saem os desquitados a ver as filhas,
ao anoitecer evanescem as luzes da civilização.
Às vezes viajo só com a imaginação.
Saio para dentro de mim, vejo cabras nos montes.
Uma dedada azul perfila águas e horizontes,
confundo então bondade com resignação.
As coisas belas são de um triste mui puro,
tal o vazio tão frio dos dentros das igrejas.
Homens à sombra emborcam tremoços e cervejas,
olhares são tiaras brilhando no escuro.
Não cuides, amor, que sou feliz aqui calado.
Falei ontem co' Luís, vou comprar uma viola.
À tardinha do domingo, toco-te um fado
com versos novos tiradinhos da minha tola.
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