Souto, Pombal, noite de 9 de Agosto de 2009
Ao nosso quintal traz o mundo e pousa da noite
as sumptuosas relíquias dos pobres: um punhado
de estrelas, uma ou duas árvores de fruto,
um cão que passa com sua sombra, uma pedra quieta.
À nossa cabeça traz a noite o que fica do mundo,
os frutos muito vermelhos de uma boca em cinza,
a lembrança de termos sido amados por quem partiu,
objectos tépidos ao toque da água dos olhos.
Maravilhosa é a travessia mental nas coisas
da hora, quando é tranquilo o ter já vivido.
Deslumbrante relicário não cessa por nocturno,
antes mais e mais brilha no corpo pobre.
Amanhã, outros ontens terão sido somados
a meia-dúzia de estrelas, uma que duas árvores, algum cão.
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