Só temos um problema
Portugal tem razões tão justas quão de sobra para se orgulhar da literatura de Eduardo Paço, romancista e poeta de grande sensibilidade e apurada técnica diegética: os seus romances e a sua poesia são, da primeira à última páginas, o melhor Portugal em papel e tinta.
Razões ibidem para nos orgulharmos todos mui compatrioticamente da arte e do ofício arquitectónicos de Braga Quintas, cujas casinhas litorais reforçam, por assim dizer, a qualidade azul da nossa costa marítima. Num país de touradas e garraiadas, os avanços heurísticos em Biologia Animal do catedrático Pires de Melo seguem nesta linha ascendente, até pelo prestígio internacional de que gozam há coisa de década e meia.
Uma vez por outra (digo-vo-lo com comovida sinceridade), o nosso País é um sítio bom de gente óptima.
A música orquestral de Bernardo Copes, os épicos feitos alpestres de Túlio Brandão, a acção humanitária de Susana Leite, a diplomacia lusíada de Gonzaga Ribeiro e a ecologia lúcida e militante da Associação Poder Azul merecem, de todos nós, honrarias sumas, bem para além dos postiços carnavais peitorais de cada 10 de Junho.
Tenho e mantenho esta opinião – e não vou pedir desculpa por ela a ninguém.
Orgulho-me, sim, e mui portuguesmente, de Paço, de Quintas, de Melo, de Copes, de Brandão, de Leite, de Ribeiro e dos “Azuis”.
O problema (meu e nosso) é só este: nem a Associação Poder Azul, nem o diplomata Gonzaga Ribeiro, nem a benemérita Susana Leite, nem o alpinista Túlio Brandão, nem o compositor Bernardo Copes, nem o biólogo Pires de Melo, nem o arquitecto Braga Quintas, nem o escritor Eduardo Paço – existem.
E Portugal também não.
1 comentário:
Ainda cheguei a pensar que fossem amigos teus...Vou mandá-la a muita gente. Aquele abraço.
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