Souto, Pombal, tarde de 11 de Agosto de 2009
Instantes dourados e calados vivo em companhia de palavras alinhadas por Roberto de Mesquita e por Afonso Duarte.
Não foi nada abolida a pena de morte (nem a de vida), ter nascido é quanto basta para dela(s) a perpetuação.
Tudo parece tão contemporâneo à atenção, a começar pelas dimensões em plural dos registos: nascimentos, óbitos, crestomatias, árvores, aves.
As árvores são importantes por crescerem o Tempo.
Por o voarem, são importantes as aves.
Aves voam décadas a fio, nos mesmos cabos se silhuetam, estirpes astrofísicas ao alcance do nosso olhar quotidiano.
O que persigo nesta prosa de versos é o direito a um pouco de tempo mais, o acesso a outras vidas cidadãs, a entrada no palácio craniano do leitor, essoutra ave-árvore.
Sem estar maluco, é-me ou não lícita a demanda de uma magia?
Pretendo que o seja.
Caso contrário, tanto desinteresse é perigoso.
Tenho sorte: uma fileira de casas acontecendo rua simultânea é bem o bastante para um clarão na felicidade.
Na conimbricense Rua de Antero de Quental, ao número 210, faço por prolongar o sortilégio.
Derredor, a Cidade fervilha de avatares minuciosos, naturalmente penumbrosos, mas por assim dizer vivos.
Sim, algo como isto, vivamente.
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