17/08/2009

Fulguração

Souto, Casa, tarde de 17 de Agosto de 2009






Partilharei contigo o oiro da minha pobreza, assim o queiras.
Sou de modos delicados, não te me receies.
Por mão de versos te levo a ver a chapa de luz, que é o metal da tarde batendo o rio.
Bosques e crianças fulguram,
feéricos, feéricas.
É tudo tão bonito, sobretudo em livros, isto do mundo.
O primeiro funeral a que assisti, foi em canícula a mais ardente.
Era em Antuzede.
Eu era jovem como uma flor.
O Sol imperiava a aldeia.
Tinha morrido um homem muito antigo.
Na praça breve, pousaram a urna tal que descansassem um pouco quem carregava e quem dormia.
O esquife fedia a rosas cortadas, chilras, murchas já para sempre.
Ia pela mão do meu Pai como tu por a mão destes versos.
Também fui já a baptizados, onde conferi que nascemos para um nome entre duas datas.
Uma parte substancial quero dar-te da minha vida maravilhosa.
Pode acontecer sermos ambos tocados pela peçonha da tristeza, mas ainda assim a luz metálica - e urna e berço descendo, jusantes, o rio,
feérica, feérico.

1 comentário:

Amélia disse...

Gostei muito, Daniel.Beijo

Canzoada Assaltante