Souto, Casa, 6 de Agosto de 2009
Estive um pouco a ver os pássaros que passavam a meia altura na tarde fria.
Descansaram alguns no jardim, encarrapitados no cedro, de nov’oaram depois embora.
São suaves naves, as aves, são.
Gosto de vê-las, gosto de voá-las olhadas na tarde fria sobre o jardim do cedro.
Os pássaros são acontecimentos que ficam indo e vindo sem mapa na minha vida.
Lembro-me deles amanhã desde sempre, exerço em baixo a minha função de homem calígrafo, vou vivendo vindo vivo.
Em outros quintais suponho assim seja idêntica a passagem sedentária das aves.
A redoma celeste, azul azulejo convexo, nomadamente volta à minha vida de pátio com cedro.
A luz desaguava em sua mesma foz de luz, brisada – e eu não tinha de procurar a beleza, mas ser encontrado por ela, fria a tarde, o cedro em seu jardim de suas suaves aves vindas voadas.
Gosto de quando a luz é fria em si mesma – e de poder ser um homem nela como um cedro é um cedro e como uma tarde é todas as que houve a partir de amanhã na infância e no jardim.
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